Uma casa, um lar...

17/08/2018

Elas estavam acima de nós todos os dias e, de tão silenciosas, quase não percebíamos os passos pelos corredores, os seus momentos de oração, a recuperação de uma doença, os parabéns por mais um ano de vida.

Digo acima, pois a residência das Irmãs da Comunidade Santa Cecília, até a última segunda-feira, era exatamente no andar de cima do bloco paralelo à capela da Escola.

Na terça-feira, um dia após a saída das Irmãs da casa que algumas viveram por até 60 anos, Daniel e eu, ambos do Setor de Comunicação da Escola, tivemos o imenso presente de circular por lá e registrar em vídeo e fotos aqueles espaços cheios de energia e doçura espalhados por cada pequeno lugarzinho da residência.

Presenciamos pegadas de uma vida de muita simplicidade e hábitos delicados que se apresentavam em pedrinhas pintadas, jarrinhos nas varandas, porta-retratos feitos à mão e tantos outros sinais discretos, quase invisíveis.

Tudo estava exatamente como elas deixaram quando partiram para uma nova residência adaptada às suas necessidades de idosas que o tempo só possibilita a alguns. A nova residência das Religiosas da Comunidade Santa Cecília, que foi pensada e realizada com muito carinho pelas Irmãs que dirigiram e pelas que dirigem a Escola hoje, fica ao lado da Escola.

Em um futuro próximo, a residência antiga será incorporada aos fazeres da Escola e muitos estudantes e educadores irão ocupar aquele espaço com novas experiências, enriquecendo um lugar que, estou seguro, é sagrado, sereno e abençoado.

Antes de deixar o seu antigo lar, algumas Irmãs tocaram delicadamente nas paredes, uma despedida tátil... Desejaram seguramente os melhores sentimentos a quem um dia lá também tocará e somará ainda mais vida àquele espaço cheio de luz e vibrações positivas que a fé plantou.

É que a vida nos convida a fazer partidas, caminhadas com pés e mentes abertas ao novo, sem que as nossas memórias nos deixem, pois são elas combustível que permitem o passo seguinte.

Antes de sair da casa, olhei para os ambientes de ladrilhos hidráulicos que refletiam o sol através das portas abertas que, de tamanha beleza, elegância e harmonia, desejo profundamente que estejam ali por mais 60 anos para absorver os pés rápidos, desbravadores e repletos de energia das crianças que ali um dia pisarão.

Ivan Guimarães é coordenador de Comunicação do Colégio Santa Cecília
 

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