Comportamento multitarefa e a falsa ideia de produtividade

Tecendo Diálogos: Desmistificando a Ilusão da Produtividade Multitarefa
21/03/2024

No mundo contemporâneo, caracterizado pela constante conectividade e sobrecarga de informações, a capacidade de manter o foco em uma única tarefa tornou-se um desafio para muitos. Em um ambiente onde a tecnologia está facilmente acessível e as demandas são elevadas, é essencial abordar os impactos do estilo de vida multitarefa sobre o desenvolvimento cognitivo e emocional em crianças e adolescentes.

A ideia de que a capacidade de realizar várias tarefas simultaneamente é eficiente e produtiva é um mito que precisa ser desconstruído. Estudos científicos têm demonstrado consistentemente que o cérebro humano não é eficiente ao realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo. Pelo contrário, a prática da multitarefa pode resultar em diversos prejuízos:

  • Redução da eficiência: alternar entre diferentes tarefas consome tempo e energia mental, levando a uma redução na qualidade e na velocidade da execução de cada uma delas.
  • Aumento do estresse: o constante bombardeio de estímulos e a pressão para lidar com várias demandas ao mesmo tempo podem gerar ansiedade e estresse crônico, prejudicando o bem-estar emocional.
  • Diminuição da capacidade de concentração: a prática frequente da multitarefa pode comprometer a capacidade de manter o foco em uma única atividade por períodos prolongados, afetando o desempenho acadêmico.
  • Impacto negativo nas relações sociais: a falta de atenção plena durante as interações sociais prejudica a qualidade dos relacionamentos e a empatia, fundamentais para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais saudáveis.

Uma rotina acelerada com muitas atividades e estímulos desde a infância contribui para a lógica de que temos que ser multitarefas. Estamos agora vendo as repercussões desse comportamento e sendo solicitados a aprender a fazer pausas, resgatando o ócio e buscando estar inteiro naquilo que estamos realizando. Se isso é difícil para os adultos, pensem em como pode ser bem mais desafiador para crianças e adolescentes, considerando que estes ainda possuem um cérebro imaturo e em desenvolvimento.

Para auxiliar seus filhos a desenvolverem a habilidade de uma melhor concentração e reduzirem os efeitos negativos da multitarefa, sugerimos algumas estratégias práticas:

  • Estabeleça limites no uso de dispositivos eletrônicos: defina horários específicos para o uso de celulares, tablets e computadores de acordo com o momento de desenvolvimento de seu filho, incentivando períodos de desconexão (pausas tecnológicas) para que possa focar em atividades offline.
  • Amplie a consciência: ajude seu filho a compreender os prejuízos causados pelo comportamento multitarefa em sua aprendizagem e na efetivação de suas atividades. A maior consciência sobre esse processo vai favorecer que ele consiga desenvolver a autorregulação diante das tentações do uso das mídias.
  • Promova momentos de mindfulness: ensine seus filhos a praticarem exercícios de mindfulness e meditação, que podem ajudá-los a cultivar a atenção plena e a reduzir o estresse e o pensamento acelerado.
  • Incentive a organização e o planejamento: ensine técnicas de organização e planejamento de tarefas, como a utilização de agendas e listas de afazeres, para ajudá-los a priorizar e a gerenciar melhor o tempo.
  • Dê o exemplo: seja um modelo de comportamento ao evitar a multitarefa excessiva e demonstrar a importância de dedicar atenção total às atividades em que estiver envolvido.
  • Valorize o tempo de qualidade em família: reserve momentos para interações familiares significativas, livres de distrações tecnológicas, promovendo conexões emocionais profundas.

Importante lembrar!

A interação com o outro continua sendo a maior fonte de desenvolvimento, especialmente nos primeiros anos de vida. O ser humano, para se desenvolver, precisa de alguns processos básicos que incluem o contato com o mundo físico, atenção, amor, aspectos que não podem ser substituídos pela tecnologia. A escuta, a presença e a interação efetiva é que vão fazer a diferença no vínculo, apego e segurança de seus filhos.

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