Santa Cecília e o resto de nossas vidas

Jade Vasconcelos, aluna do 3º ano do EM, escreve um relato amoroso dos últimos dias de Escola.
11/11/2016

Hoje é a minha última segunda de aula no Santa Cecília. É estranho pensar em como toda esta semana e todo este mês vão ser um conjunto de últimas vezes, última segunda, última terça, última quarta...

Última aula com o Rodrigo Forti (por sinal já passou e eu nem dei valor); último SPH; último almoço no "Qué do que"; último brigadeiro da Ana Silvia; última vez que vou ter que procurar meu casaco da Euro nos achados e perdidos; últimos bom-dias; últimas vezes entrando no portão da frente e fazendo o caminho mais que conhecido pro outro lado da escola até o bloco do terceiro ano; última vez usando esta farda que, com certeza, foi a roupa que mais usei nos 17 anos da minha vida. É a semana das últimas vezes. Esta escola é minha casa, é onde eu criei e virei tudo que sou hoje. É onde minha família está e onde eu aprendi o que é amor. Tudo que faz parte do Santa Cecília, e exclusivamente do Santa Cecília, nos faz termos uma relação diferente com este colégio que outros colégios e alunos não têm. É estranho pensar que próxima semana eu não sou mais uma estudante aqui, que minha rotina não será ver todas as manhãs os muros amarelos-claros pela janela do carro enquanto espero no engarrafamento. Acho que isso faz mais parte de mim do que tenho noção... Faz mais parte de todos nós do que notamos. Dizem que dá pra diferenciar um aluno do Santa Cecília de outros e tenho certeza que isso tem algo a ver com os quadradinhos coloridos que ficam, de uma maneira ou outra, nos nossos corações pra sempre. Eu fui marcada por eles, pelos toques do recreio que foram de "eu descobri que as coisas boas da vida são de graça" até "mudaram as estações, nada mudou". Eu fui tocada pelos Dias do Estudante na cantina com DJ Gilvandro, em que a gente tem meia hora de recreio e todo mundo vira muito "mongol" e fica pulando até morrer de suar. Fui marcada pelo Padre Sales passando nos corredores e dizendo que todo mundo vai ser padre e vai ser freira, e pelo Marcelo me mandando vir de sapato ou censurando a roupa das meninas na época da SICE. Lembro-me de antes de o "parquinho dos grandes" ter a reforma e de como eu sempre fui a única a preferir o "dos pequenos" e lembro que, quando cheguei no sexto ano, passava o recreio fazendo cambalhota nas barras. Acho que, se tentar de verdade, consigo lembrar de quando gritava "UHHH É SEXTO ANO, UHHH É SEXTO ANO" e da sensação de ganhar a primeira dança da SICE e como a gente sentia que ainda faltava uma vida pela frente, antes que a gente tivesse que se preocupar com vestibular. Acho que ninguém nunca acha que realmente vai chegar o seu dia de ir embora.

Ainda me lembro do gosto do pastel de calabresa da Tia do Pastel e do dindin de uva. Minha infância foi feita pelas noites barulhentas neste colégio esperando meu pai chegar e atravessando a rua pra comprar pipoca.

Lembro-me da minha missa do nono ano e como era estranha a ideia de ter aula ate 12h30min no primeiro ano, e como toda série que se passa você sente que o ano antes é tão mais novo que você, e lembro-me de como todo mundo faltava a todos os ensaios da dança da SICE todos os anos e como a gente sempre promete que no ano seguinte vai ser diferente. Acho que  nunca vou me esquecer do barulho que o pincel do Djanir faz no quadro ou da voz da Maga falando "tem alguém falando aí". Tenho certeza de que, quando tiver 40 anos, se ouvir "vou desafiar você", vou sorrir e lembrar deste ano, e dos ensaios nas férias depois da aula. E daqui há dez anos, quando voltar pro encontro de ex-alunos, a gente vai rir, lembrando que a gente costumava dizer que "este terceiro ano está banhado de hipocrisia". Nunca vou me esquecer de que tudo tem seu tempo debaixo do céu, ou de ser alguém na vida de alguém, e sempre me lembrarei de focar no essencial. Acho que os alunos do Santa Cecília são luz no mundo, essa é a nossa geração e somos mais, mais de um milhão de sonhos...

Todos nós passamos este ano inteiro tendo a certeza de que tudo que queríamos era ir embora, e no meio de todo o nervosismo e toda a pressão a gente acaba não tendo tempo pra aproveitar o último ano no lugar onde crescemos. Acho que tinha esquecido que amava esta escola... e na última segunda-feira você acaba notando que tudo que você conhece, seu mundinho, sua bolha de felicidade (que às vezes não é tão feliz assim) está prestes a estourar, e é aí que começa o resto das nossas vidas! Mas não é necessário ter medo ou ficar nervoso, porque o que vivemos aqui é parte de quem somos, e levaremos o Santa Cecília e tudo o que seus quadradinhos coloridos representam para o resto das nossas vidas.

Jade Vasconcelos Frota

O texto da Jade foi lido na Celebração Eucarística do 3º ano do Ensino Médio, que aconteceu no último dia 8, no Ginásio da Escola. Hoje, 11 de novembro, o dia é de festa, com o Baile de Encerramento dos nossos sempre alunos.

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