Impactos da Cultura Contemporânea na Atenção e Memória

Tecendo Diálogos: Equilibrando Tecnologia e Aprendizado
28/05/2024

Para compreender o processo de aprendizagem é preciso, entre outros aspectos, atravessar o entendimento do funcionamento cerebral em relação à atenção e à memória. Estes são processos que acontecem no cérebro, mas que sofrem influência da relação da pessoa com o mundo, durante a construção da sua história.

Entendendo o homem como sujeito do seu tempo, concluímos que a cultura e a sociedade têm papel importante na formação de subjetividades coletivas e individuais.

Na sociedade contemporânea, são muitos os desafios que nos cercam e que interferem de forma significativa na aprendizagem. Estamos inseridos e imersos numa vasta quantidade de estímulos, de informações rápidas e de relações virtualizadas, próprias de um mundo cada vez mais tecnológico e em constante conectividade.

A velocidade e o imediatismo dão a cadência das respostas às nossas demandas da vida diária e modificam a nossa percepção do tempo para a execução das tarefas, diminuindo a nossa habilidade de gestão sobre o tempo e nos colocando em estado de prontidão.

Esse fenômeno contemporâneo é impulsionado por várias forças e pode gerar importantes implicações tanto na qualidade dos vínculos interpessoais como na nossa capacidade de atenção e, por consequência, na nossa memória.

A pressão exercida para processar rapidamente grandes quantidades de estímulos e a dificuldade de eleger prioridades, além de sobrecarregar a memória, podem dificultar a retenção e o processamento eficaz de informações novas, causando um aumento das queixas de esquecimento e/ou de lapsos de memória.

Precisamos, portanto, estabelecer um pensamento crítico sobre essa forma de “estar” no mundo, reconhecendo as facilidades dessa conectividade, mas também identificando os excessos e buscando alternativas para mitigar as influências prejudiciais desse cenário.

Algumas alternativas para atenuar as possíveis consequências negativas desse contexto:

  • Estabelecer prioridades, evitando multitarefas;
  • Programar pausas regulares durante o estudo e o trabalho, reduzindo, assim, a sobrecarga cognitiva e facilitando o armazenamento das informações na memória;
  • Minimizar as distrações, organizando o local de estudo ou de trabalho com o essencial para a execução da tarefa;
  • Aprimorar a qualidade do tempo dedicado às experiências não virtuais, especialmente aquelas que dão prazer, pois são promotoras de boa atenção e memória;
  • Desativar as notificações do celular, evitando que novas urgências atropelem a atividade que está sendo executada naquele momento.

Crianças e adolescentes, por terem um cérebro ainda em desenvolvimento, são mais suscetíveis às interferências e, por isso, precisam de algum grau de gerenciamento dos adultos para colocar em prática essas estratégias. Para estes, além das abordagens citadas, é necessário ser incentivado o brincar e o lazer, o ócio e a criatividade, atividades livres da pressão do tempo e da performance, pois o seu fazer se dá, essencialmente, pela entrega ao processo e pela espontaneidade.

Certamente, para todas as idades, uma postura mais flexível diante das urgências poderá proporcionar um melhor aproveitamento dos processos cognitivos cotidianos, desde a aprendizagem à resolução de problemas, além de uma interação menos ansiosa com as pessoas, as tarefas e as atividades.

 

 

Serviço de Psicologia Escolar – SPE

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