Nossa querida Irmã Eulalia, Superiora-Geral das Religiosas da Instrução Cristã, esteve quatro vezes com o Papa Francisco, ao longo do pontificado dele. Ela guarda lembranças, celebra seu legado e espera a continuidade de uma Igreja que acolha a todos. Do Santo Padre, ela comunga da simplicidade, do carisma, do acolhimento a todos, todos. 

1. Em 12 anos de pontificado, qual o maior legado do Papa Francisco para os cristãos?
Ir. Eulalia – Papa Francisco deixa como legado a vivência do evangelho no dia a dia da vida: no acolhimento a todos, sem fazer discriminação, no diálogo, na simplicidade, na capacidade de se aproximar dos pobres e marginalizados, a exemplo de Jesus. Sua coerência de vida, sua coragem e firmeza, sua proximidade conquistaram a todos, cristãos e não cristãos, e mostrou uma Igreja aberta, na qual todos têm lugar. Um homem carismático, que exerceu o poder como serviço e tornou-se, seguindo Jesus, o servo de todos.

2 – A Senhora teve a oportunidade de conhecê-lo. Que sentimentos guarda desse encontro?
Ir. Eulalia – Nesse período do seu pontificado, tive a oportunidade de encontrar-me com ele quatro vezes, e guardo o sentimento de um pai, pastor e irmão, de um homem despojado, simples e de uma atenção especial para cada pessoa que se dirigia a ele. Um homem cheio de sabedoria, descontraído, alegre, brincalhão, afetuoso. Em uma das vezes, quando dissemos “somos do Brasil”, ele respondeu “Brasil, onde cachaça é água!”.

3 – Papa Francisco promoveu mudanças significativas na Igreja. Quais são as suas expectativas para este novo conclave e a chegada de uma nova liderança na Igreja?
Ir. Eulalia – Minha expectativa e, acredito, de todos os cristãos é que o Papa a ser escolhido dará continuidade ao legado do Papa Francisco: de uma Igreja Sinodal, uma Igreja em Saída, uma Igreja aberta a todos, conforme dizia: “todos têm lugar na Igreja, todos, todos”. Uma igreja capaz de dialogar com as realidades do mundo contemporâneo, oferecendo respostas concretas para a solução dos problemas da humanidade, dos conflitos entre os povos, da casa comum, dos povos indígenas, dos migrantes, da fome etc. Uma Igreja que encarna o evangelho e que ama e acolhe a todos. Uma Igreja que mostre o rosto de Jesus, o servidor, despojado, simples, transparente, justo, próximo e dialogal.